Ou o que dizer de um ancião cambalhoteando à beira da praia.
O garoto é o mar,
bebendo a sede das ondas,
batendo palmas na areia,
procurando curvas de sereia
no mais rareado ar.
.
O garoto é um velho
na fase derradeira
com uma vara de pescar.
.
Um velho, uma criança.
Mais do que uma lembrança
de tempos atrás
quando muito
nunca era demais
.
Na distração sem esforço.
Nas arruaças do tempo de moço.
Mas sem bananeiras…
Já não poderá.
.
O velho, o garoto e o mar.
Dentro da mesma lente
mas numa vida somente.
O garoto, de partida.
O velho, de despedida
.
Talhando novos traços.
Novas margens.
O entorno de gratas miragens.
.
O velho nem lembra da idade
se esqueceu de cansar.
Tá de sacanagem:
ele nada com as pernas
viradas pro ar.
Daniel Marinho